Gerenciamento de Resultados nas Empresas de Telecomunicações no Brasil: é possível uma redução em custos de agência?

Resumo

Este estudo objetiva verificar se as empresas de telecomunicações brasileiras listadas na Bovespa adotam práticas de gerenciamento de resultados em função do nível de endividamento ou para reduzir a variabilidade dos lucros. Opera-se com a hipótese de que o efeito regulação limita o espaço para que as empresas do setor explorem a discricionariedade das despesas com depreciação/amortização e itens extraordinários e gerenciem seus resultados. O estudo abrangeu as empresas de telecomunicações listadas na BM&FBovespa S.A. e analisou as demonstrações contábeis de 2005 a 2010 de 14 empresas (84 observações empresa-ano). Examinou-se a correlação entre despesas de depreciação e amortização/itens extraordinários e a variabilidade dos lucros/endividamento. A depender desta relação, verifica-se se há gerenciamento. Foi testada a adequação da distribuição de dados ao modelo, verificando-se a normalidade pelo teste Kolmogorov-Smirnov. Para examinar a existência de multicolinearidade foram realizados os testes tolerance e VIF e para autocorrelação entre resíduos, o teste de Durbin-Watson (DW). O exame da relação entre despesas com depreciação e amortização não apresenta resultados conclusivos do ponto de vista estatístico. Porém, o teste para itens extraordinários foi validado estatisticamente e sinaliza que nas empresas analisadas não há indícios de gerenciamento de resultados com itens extraordinários, para a redução da variabilidade dos lucros ou em função do nível de endividamento. Assim, os resultados sugerem que, num setor regulado, o gerenciamento pode ser minimizado pelo efeito regulação e, assim, a necessidade de incorrer em custos de agência seria menor.